sexta-feira, 8 de maio de 2015

Giardíase

giardíase, ou giardiose, é uma doença intestinal causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia. Trata-se de um protozoário de distribuição mundial (cosmopolita), podendo ser encontrado nas mais diversas regiões do globo, porém, está comumente associada à locais de baixas condições de saneamento básico, higiene e falta de água tratada.

Giardia lamblia. Foto: Janice Haney Carr / CDC
Giardia lamblia. Foto: Janice Haney Carr / CDC
A Giárdia é um protozoário piriforme (forma de pêra), de simetria bilateral. Sua face dorsal é lisa e convexa. A face ventral é côncava, possuindo uma estrutura semelhante a uma ventosa (disco ventral, adesivo ou suctorial), possui dois núcleos, quatro pares de flagelos que se originam das bases.
A giardíase é adquirida pela ingestão dos cistos do protozoário. Os cistos são formas de resistência que os protozoários em geral podem assumir quando as condições ambientais não são favoráveis. Eles são encontrados em águas de córregos e riachos, que por sua vez são utilizados para irrigar pequenas hortas ou mesmo para o consumo de água. Os cistos, quando ingeridos, não são destruídos pelo ácido estomacal, na verdade, ele os estimula a transformarem-se na forma adulta (chamada de trofozoíta).
No duodeno os trofozoítas já estão totalmente desencistados. Eles ligam-se ao epitélio do duodeno e do jejuno através da ventosa. Se a carga parasitária for grande, ocorre o fenômeno chamado de “atapetamento”, pois, literalmente, os protozoários formam um tapete que recobre as vilosidades do intestino, dificultando a absorção dos nutrientes pelo corpo.
Uma pessoa infectada por Giárdia pode apresentar inúmeros sintomas, ou mesmo não apresentá-los, constituindo o que se chama de quadro assintomático. Os sintomas são inespecíficos, o que dificulta um diagnóstico clínico. Os sintomas mais comuns são diarréia, cólicas abdominais, flatulência, distensão abdominal, náuseas, eliminação de fezes gordurosas e fétidas e perda de peso. Alguns deles podem ou não estar presentes, mas a diarréia é sempre o mais comum.

Em alguns casos mais graves podem surgir sinais de desnutrição. Com a perda das vilosidades a área total de absorção fica consideravelmente reduzida, prejudicando a absorção de diversos nutrientes, principalmente de gordura. Essa deficiência de absorção leva às fezes gorduras e à perda de muitas vitaminas lipossolúveis, ou seja, que precisam estar dissolvidas em gordura para serem absorvidas.
Como mencionado, o diagnóstico clínico para giardíase é dificultado pelos sintomas muito inespecíficos. O recomendado é o diagnóstico laboratorial, feito por exame direto das fezes. Em amostras frescas, pode-se ver em microscópio os trofozoítas movendo-se ativamente.
Uma pessoa contaminada, assintomática ou não, elimina protozoários pelas fezes. Se não houver saneamento básico e condições de higiene, as fezes podem contaminar córregos e riachos e reiniciar o ciclo infeccioso. Por isso é importante tratar todos os infectados por Giárdia, mesmo que não apresentem sintomas. Também se recomenda a fervura da água em locais onde não há tratamento hídrico adequado.

O tratamento preferencial é o feito com ornidazol, via oral em dose única. Usa-se 50 mg/kg/dia em crianças e 2g/dia em adultos. O inconveniente é que não há preparação líquida do ornidazol. Outra opção é o tinidazol, também via oral em dose única, utiliza-se a mesma dosagem do ornidazol para crianças e adultos. Apesar de haver preparação líquida, o tinidazol possui um gosto bastante amargo. Se houver caso de alergia à um destes medicamentos, existem como opções a furazolidona, o metronidazol e a nitrimidazina, que são igualmente muito úteis, mas não está ainda devidamente estabelecida a ação de quantidades isoladas dessas substâncias.

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