sexta-feira, 8 de maio de 2015

Doença de Chagas

Doença de Chagas, também denominada Mal de Chagas ou Chaguismo, cientificamente nomeada Tripanossomíase Americana, é uma enfermidade infecciosa provocada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, assim batizado pelo cientista que descobriu sua existência, o brasileiro Carlos Chagas. Este nome foi dado ao parasita em homenagem a outro pioneiro da Ciência, Oswaldo Cruz. Sua transmissão se dá através de insetos conhecidos em nosso país como barbeiros – são da família dos Reduvideos, dos gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus.

      Esta enfermidade foi descoberta em 1909, quando o médico Dr. Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas tentava erradicar a malária em um trecho da construção da Estrada de Ferro Central do Brasil, no norte de Minas Gerais. Ele conseguiu descrever seu agente causador, o mosquito transmissor e a maneira como a doença é disseminada. O parasita vive no homem e nos animais, abrigando-se no sangue periférico e nas fibras dos músculos, especialmente os cardíacos e os digestivos. No inseto, ele se encontra no aparelho digestivo. O principal transmissor foi o Triatoma infestans, atualmente erradicado de nosso ambiente. Sobrevivem ainda as espécies Panstrongylus megistus e Triatoma sórdida, menos importantes. Elas normalmente encontram-se nos locais mais adequados para a espécie, nos quais encontram alimento e abrigo com facilidade – no mato, em ninhos de aves, tocas de animais, cascas de troncos, lenhas e sob pedras. Ocultam-se igualmente nas fendas das casas, nos vãos das paredes, nas camas, nos colchões e em baús, além de galinheiros, chiqueiros, paióis, currais e depósitos.
O barbeiro é contaminado ao sugar o sangue de um órgão atingido. O parasita se reproduz no intestino do barbeiro, após passar de tripomastigoto para epimastigoto. Já o homem é contagiado pelas fezes do percevejo ou barbeiro, que enquanto bebe o sangue de sua vítima, deposita suas fezes infectadas no mesmo local. A contaminação pode igualmente ser efetuada por meio de uma transfusão de sangue ou em um transplante de órgãos, e também pela placenta. Os sintomas se manifestam em uma fase aguda, de breve duração, e em alguns pacientes eles evoluem para uma etapa crônica. No primeiro momento os sinais da doença são muito discretos. Uma lesão, chamada de chagoma, pode aparecer no lugar picado. Próximo ao olho ela é passível de provocar uma conjuntivite, seguida de um inchaço na pálpebra. Outros sintomas prováveis são febre, crescimento de um ou mais gânglios linfáticos, anorexia, aumento do volume do baço e do fígado, inflamação leve do miocárdio e mais raramente uma inflamação do encéfalo e das membranas que o envolvem, as meninges.

   Dos pacientes em estado mais agudo, de 20 a 60% passam a transportar permanentemente os parasitas, enquanto o resto se cura. Os indivíduos crônicos não manifestam sintomas durante muitos anos. Enquanto isso, os parasitas, que se reproduzem dentro do organismo, seguem prejudicando de forma irreversível o sistema nervoso e o coração, bem como o fígado – este, porém, regenera-se. Aos poucos, os sinais mais sérios desta enfermidade começam a se expressar em estágios cada vez mais preocupantes, levando inclusive à morte, se atingir o cérebro. Ainda assim é importante tratar o paciente, pois com o tratamento é possível aumentar sua qualidade de vida. Tanto em doentes agudos quanto nos crônicos pode ocorrer também uma morte repentina, com a eliminação do sistema que coordena os batimentos cardíacos ou por lesões cerebrais críticas.
O diagnóstico da Doença de Chagas deve analisar os sintomas e o histórico do indivíduo, para saber se ele freqüentou áreas de maior risco de contaminação. Exames de sangue propiciam o encontro de anticorpos que atestam a presença do Trypanossoma na corrente sanguínea, e até o próprio parasita torna-se perceptível nestas observações. Nas fases mais agudas é comum encontrar o protozoário também nas fezes. O benzonidazole é o medicamento mais usado no combate á doença, embora seja considerado muito tóxico, especialmente porque tem que ser prescrito ao paciente por um longo tempo – três a quatro meses. Na etapa aguda ele é de grande benefício, mas na crônica o tratamento tem que ser focado nas expressões da enfermidade. A insuficiência cardíaca, por exemplo, deve ser abordada com se fosse provocada por qualquer outro motivo, considerando-se inclusive, conforme o caso, a necessidade do transplante.

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